O Ministério da Saúde analisa a possibilidade fazer uma
quarta etapa de análise da vacina contra a dengue, produzida pelo grupo Sanofi
Pasteur, antes de incorporar o produto à rede pública, dentro do Programa
Nacional de Imunizações. A vacina francesa foi primeira contra a doença a ser
concluída no mundo e tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
Segundo o coordenador do Programa Nacional de Controle da
Dengue da pasta, Giovanini Coelho, a recomendação foi feita pelo Comitê Técnico
Assessor de Imunizações, órgão consultivo do Ministério da Saúde.
"O comitê recomendou que a vacina deve ser aplicada
num ensaio de fase quatro. A ideia é que se aplique a vacina numa população
muito maior, onde você vai ter a chance de verificar eventuais eventos adversos
que não se viu nos estudos menores", disse Coelho, em conversa com
jornalistas, na noite desta quarta-feira, depois de audiência pública no Senado
Federal para discutir a Medida Provisória 712, que trata do combate à dengue.
O coordenador disse que seria uma medida de cautela a
pasta adotar essa fase antes de incorporar vacinas à rede pública, Apesar
disso, ele reconhece a segurança da vacina francesa. “Uma fase quatro demoraria
de três a quatro anos. Só pra aplicar a vacina é quase um ano, são três doses,
e você tem que acompanhar essa população”, afirmou.
Antes de ter uma resposta sobre sobre a quarta fase de
aplicação da vacina, o ministério está aguardando a conclusão de estudo que vai
embasar a decisão. Giovanini Coelho observou que, em 2011, o governo encomendou
um levantamento para montar um modelo de gestão de combate à dengue. O estudo,
que está em estágio de finalização, vai trazer a faixa etária da população que
já teve contato com o vírus, as características epidemiológicas da doença e,
ainda, os impactos que uma vacina teria em grande escala. Para saber a faixa
etária com maior incidência da doença serão coletadas 66 mil amostras de
sangue.
O coordenador do programa ressaltou que a possibilidade
de uma quarta etapa de análise da vacina é apenas para avaliar se o produto
será incorporado à rede pública. Para a comercialização nas farmácias, é
necessário registro na Anvisa, documento que foi concedido em dezembro de 2015,
e também a estipulação de um preço máximo de venda pela Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos, etapa que ainda não foi concluída.
Vacina da Sanofi
O desenvolvimento da vacina francesa levou 20 anos e foi
concluído em 2014. Segundo a diretora do laboratório, a médica Sheila Homsani,
21 mil pessoas participaram da fase três de testes da vacina na América Latina
e 11 mil na Ásia, sendo que dois terços delas receberam a vacina e um terço
receberam placebo.
Em dezembro do ano passado, a Anvisa concedeu o registro
ao produto, o que significa que aprova a segurança e a eficácia do imunizante.
Edição: Maria Claudia
Fonte: Agência Brasil/DF:
01/04/2016